sábado, 18 de junho de 2011

EU QUERO

Eu quero que tudo fique bem
quero emagrecer dois quilos
quero viajar na greve e nas férias

que a gente junte uma grana
que a gente nunca mais brigue sério
quero dar uma arrumada na sala
e na vida também
quero comprar umas roupas de cama

quero ter outro filho com você
que sejamos felizes, os três e depois os quatro
que viajemos juntos

quero ser mais saudável,
mais legal
mais moral
mais leve

quero que esse ano termine, com tudo que deve terminar com ele
mas quero viver cada uma dessas coisas
quero engravidar, amamentar, me doar
quero fazer amor

quero ser
dar
ter
doar
receber
aproveitar
usufruir
ensinar
ler
aprender
me abrir
me expandir
contribuir
colher
plantar
escrever
pedalar
sorrir
comer

AMAR
VIVER

EU QUERO SER FELIZ

terça-feira, 24 de maio de 2011

O poder do esmalte vermelho

Começou uma ou duas semanas atrás. Um olhar diferente sobre mim. Eu me vendo de um jeito diferente. Mais crítico, mais exigente, mais duro. A minha casa não está como eu gostaria. Isso falando de fora pra dentro. Ajusto a lente, aumento o foco, triplico o zoom. A minha casa não está como eu quero. Minha casa. O lugar onde EU moro. Meu invólucro, meu suporte nesse mundo. Meu corpo.

Me olho no espelho e acho que meu cabelo está sem jeito – será que acertei com essas luzes? Será que vou ter que sucumbir a mais uma selagem, agora que descobri que aquilo realmente tem formol? Minha pele está meio sem viço – resultado de algumas noites mal dormidas, por causa da torcicolo persistente que não me dá descanso. Minha barriga, ah esses quilinhos a mais... Acho que nunca tive tanta celulite. Tenho que tomar jeito, preciso voltar a malhar, pedalar aos domingos, controlar meu apetite, que anda de mãos dadas com a ansiedade de... De quê? Ansiedade de quê? Ansiosa pelo quê?

Sinto necessidade de beleza, de leveza, de descontração, de liberdade, de frescor... Vou tomar providências. É claro, só depende de mim! Algumas coisas só dependem de mim. Dividir meu tempo, dedicar parte dele a MIM. Ouvir mais músicas, redescobrir ou descobrir do que mais gosto. Comer mais devagar, investir um dinheirinho numas roupas novas. Ler mais.

E pintar as unhas. Ah, as unhas... Que poder maravilhoso emana de mãos bonitas, poderosas, delicadas e firmes. Hum, meu anel dourado de madrepérola... O primeiro passo é fundamental. Joyce me olha e pergunta: que cor? Vermelho!

domingo, 6 de março de 2011

Entre a sorte e o destino, fico com a responsabilidade

Essa semana um diretor da Novacap morreu aqui em Brasília, por consequência dos traumas causados pelo impacto de uma pedra de aproximadamente 3kg. O fato em si é brutal. Mas também revoltante. A pedra em questão caiu de um viaduto, enquanto o carro passava por baixo. A vítima, que estava no banco do passageiro, foi levada até o hospital pelo amigo, que estava no banco do motorista e também se feriu. E, como fatos revoltantes normalmente vêm acompanhados de uma cadeia de absurdos, o viaduto supracitado não fica numa rodovia fantasma, de um lugar esquecido, por onde nunca passa alguém. A estrada em questão é a Epia (Estrada Parque Industria e Abastecimento), via de tráfego intenso a qualquer horário do dia. Uma das obras entregues pelo governador Arruda (aquele, que tornou Brasília vergonhosamente famosa e com a moral completamente abalada, bem na véspera do cinquentenário da cidade). E, assim como seria compreensível em uma rodovia fantasma, de um lugar esquecido, por onde nunca passa alguém, o viaduto da Epia provavelmente há anos não sabe o que é manutenção. Pelo menos uma manutenção de vergonha.

Então, deixando um pouco de lado os repetitivos temas da corrupção, do desvio de dinheiro e da falta de amor ao próximo que assolam muitos de nossos semelhantes, volto ao tema da vida brutalmente interrompida, num percurso à toa, no tocar da vida, por uma pedra que despenca de um viaduto sem manutenção. Proponho, então, o tema da responsabilidade de todos nós, em cada coisa que fazemos.

Gostamos às vezes de falar em destino, em acaso, em azar, em sorte. É melhor falarmos de responsabilidade. Sabe por quê? Porque responsabilidade é palpável, é mensurável. Eu, ou qualquer um de nós, conseguimos avaliar a responsabilidade de quem deveria ter executado a manutenção daqueles e de tantos outros viadutos (por exemplo); daqueles que deveriam ter considerado isso uma prioridade, e contratado a empresa que executaria o serviço. Também, daquele que deveria ter disponibilizado uma faixa do orçamento para tal objetivo – zelando pelo dinheiro público e cuidando para que os recursos fossem aplicados devidamente e sem desvios. Por fim, porque não falar da responsabilidade daqueles que escolheram os representantes que vão gerir todo esse processo, estabelecer prioridades e nomear os responsáveis por áreas tão importantes como a infra-estrutura, a saúde ou a educação?

Algumas semanas atrás, para espanto de muitos que usam a lindíssima Ponte JK – seja como atalho, ou mesmo como uma bela alternativa, para ir e vir – os acessos a ela foram interditados. Aos poucos, uma via foi liberada, ainda assim apenas para carros de passeio, a uma velocidade máxima de 40km por hora. A dedução mais rápida foi a de que havia tido um acidente, provavelmente com vítima, quiçá envolvendo um carro oficial – neste caso, todas as fontes de burocracia e gravidade estariam aliadas, o que justificaria aquele transtorno em Brasília durante toda uma tarde. O absurdo (mais uma vez revoltante) superou todas as expectativas. A lindíssima Ponte JK estava com uma rachadura. De “uma chave” de largura, como dizem na minha terra. Engenheiros, técnicos, políticos, assessores de imprensa, bombeiros e até acadêmicos foram chamados ao local. As conjecturas eram muitas. Mas, no final das contas, a resposta – absurda, revoltante – foi a de que, após oito anos inaugurada, a Ponte JK (lindíssima) nunca havia passado por uma manutenção séria. Onde estava o plano de preservação da Ponte? Em uma gaveta, esperando por algum trâmite, alguma burocracia, ou simplesmente aguardando ser lebrada na próxima faxina que contemplasse a bendita gaveta. Fico pensando o que diria JK, o ilustre homenageado, o homem de tantas obras...

Por baixo dos nossos viadutos e pontes passam todos os dias ricos e pobres. Ônibus lotados, vans piratas, veículos escolares, carros populares e de luxo, além dos carros oficiais. Sem falar dos pedestres, dos ciclistas. A falta de responsabilidade, neste caso (diferente de muitos outros), não privilegia essa ou aquela classe social. Brasília, famosa por suas tesourinhas, suas pontes e viadutos, não pode benzer-se a cada trajeto, à espera de sorte, destino ou qualquer coisa. Brasília precisa contar com a responsabilidade. E isso inclui a mim, a todos nós. Se as pessoas que deveriam zelar pelo nosso chão estão engavetando prioridades, cabe a nós pensar quem possibilitou a essas pessoas estar ali. Do dito popular, podemos tirar uma grande lição: “cada um em seu quadrado”. A cada um de nós cabe uma parcela da responsabilidade pela qualidade das nossas vidas e de nossos semelhantes. Desde o voto responsável, até o exercício pleno de uma função pública, todos somos responsáveis pela forma como desenhamos o presente e o futuro.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Seres enciclopédicos e a oportunidade de ficar calada

 Às vezes eu me pergunto se eu é que sou muito desinformada, ou se algumas pessoas detêm informações demais – e isso se torna insuportável. Não estou falando necessariamente de qualidade de informações, mas de quantidade de informações.

Apresentou-se a mim uma pessoa que eu nunca tinha visto antes. Ele, um homem de cerca de 55 ou 60 anos, aproximou-se sob o pretexto de perguntar se eu já havia me acostumado com o netbook - “esse negocinho aí” -, que eu estava usando, enquanto tomava café da manhã numa confeitaria. Me perguntou qual era minha profissão (sempre respondo “jornalista”, mesmo estando fora do mercado há anos) e despediu-se depois de cerca de 30 minutos em que falou, falou, falou.

Falou de assuntos variados, como a riqueza da ex-união soviética e da Rússia, que hoje, segundo ele, sustenta a Europa com seu petróleo e seu gás. Falou que o Ceará já tem VLT em dois municípios do interior e das conspirações contra Ciro Gomes - “como você não sabe, sendo jornalista?”. Mas, antes que eu respondesse, emendava com ciclos e visitações enciclopédicas, como as culpas do Brizola, os desvios de Cuba, a safadeza do Chavez, o desemprego na Espanha, a bolha imobiliária em Brasília, as lanchas à diesel à gasolina, eleições, ficha limpa, o fim da reeleição, a tecnologia ching-ling, os milhões do Maluf, a cidadania da dona Marisa, o comércio no futebol, passado e destino do Collor, refinarias, governo militar e uma infinidade de outras coisas (acredite, ouvi mais nomes da história recente brasileira do que em três capítulos de um livro). Abaixando o tom da voz, confidenciou segredos que nem entendi.

O diálogo terminou com um “Prazer. Desculpe aí, tomar seu tempo”, seguido de um educado “Magina...Prazer.” (essas horas, eu costumo ser uma lady).

Pois é... Fiquei com aquela cara de “ahn? que é que foi, mesmo?”. Essa pessoa, em seu monólogo a dois, me deixou por mais alguns minutos a sós com o meu “negocinho” aqui. E fiquei sem ter palavras pra descrever o que tinha sido aquele furacão de informações. Houve um momento em que pensei que alguém podia estar nos filmando, e minha cara de tolerância absoluta – eu, sentada; ele, em pé. Eu, aflita; ele, empolgado. E então, talvez aquilo fosse uma pegadinha. Sim, porque, pensando bem, aquele personagem tinha uma cara de humorista, um tipo meio Juca Chaves, sei lá. Depois, eu me veria na televisão ou no youtube e seria alvo de chacota, por estar benevolentemente suportando aquela pessoa verborrágica e inconveniente, falando sem parar sobre coisas completamente diferentes, como que para testar minha própria cara-de-pau de dar a entender que aquilo era compreensível pra mim. Pensei mesmo que aquele fosse um cara meio carente que, supondo que eu fosse uma intelectual – pudera, eu estava às 8h40 da manhã de um domingo numa confeitaria, sozinha, de óculos escuros e olhando fixamente para um computador minúsculo (ah, ele chegou a perguntar se eu trabalhava na Globo News, que tal?) – resolveu bater um papo-cabeça. Por fim, talvez eu estivesse sendo uma chata, e quele fosse só um senhor gente boa que queria bater um papo. Acontece que ele demorou um tempo pra perceber que, como interlocutora, eu era uma ótima navegante.

Ainda bem que ele não pediu pra sentar. Porque aí minha veia “Di” iria pelos ares.

Mas, enquanto minha amiga não chegava para o encontro marcado naquela bela e ensolarada manhã de domingo, aquilo tudo me fez lembrar meu pai me dizendo que eu e ele éramos muito diferentes, principalmente por uma coisa. Meu pai me disse que ele pensava demais antes de falar, e acabava não falando. Isso era ruim. Já eu, não pensava nada antes de falar, por isso acabava às vezes falando besteira... Isso não era bom. Portanto, melhor assim. Talvez tenha aprendido com meu pai. Antes não falar tanto, e ganhar a oportunidade de ficar calada.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um jeito mais positivo

Acabo de ver a peça “Quanto tempo da vida eu levo para ser feliz”. Em primeiro lugar, interessante, vale a pena assistir. Estará em cartaz no CCBB de Brasília (DF) todos os fins de semana até o final de fevereiro. Texto legal, atores bons, recursos muito interessantes, história que prende. Muito bom. Recomendo.

Recomendo, inclusive (não principalmente) porque faz bem consumir esse tipo de cultura. Ir ao teatro, ver pessoas diferentes, com mais originalidade, para falar do mínimo, ao se vestir e se expressar do que normalmente se vê no shopping, por exemplo...

Só um parêntese. Por falar nisso, ontem comentava sobre a semelhança das mulheres e homens nesses ambientes típicos de paquera. Cheguei a pensar se não seria mais difícil encontrar alguém numa balada hoje do que antes, sei lá, há uns dez anos, quando eu também estava no páreo (atualmente vivo a minha conquista). Explico o porquê. É que hoje a maior parte das mulheres que não estão fora do padrão (refiro-me àquelas nem gordas nem magras, nem altas nem baixas, nem lindíssimas nem feias, ou seja, as mulheres medianas), costumam ter cabelos de tons, cortes e penteados praticamente iguais; usam modelitos parecidos, bijous e acessórios idem. O mesmo vale para os meninos. No final, fica parecendo que encontrar um bom par é mais questão de sorte do que de diferencial, já que a primeira impressão normalmente é aquela que faz alguém se aventurar nessa busca...

Bom, voltando ao teatro. Pois é, depois de deixar claro que curti a peça, quero falar sobre a minha reflexão. E a resposta está bem arrematada na música que encerra a apresentação: “Você vezes vocês dá quanto?”, ou qualquer coisa assim. Ou seja, você é um inteiro, você são frações, ou você são muitos? De qualquer maneira, a conclusão para onde a peça aponta, e eu concordo com ela, é: o maior evento da sua vida é sua própria existência, e ela deve ser conduzida com carinho e auto-apreço. Assim, também pela mensagem (além do programa, do passeio, do público, dos atores, do texto e dos recursos audio-visuais), a peça foi super legal.

Mas esperava algo diferente.

Esperava que a mesma mensagem fosse apresentada de maneira positiva. Outra abordagem. Esperava que – ao invés de mostrar maneiras como se pode perder o tempo que se deveria ou poderia estar investindo em ser feliz – a peça retratasse maneiras de bem aproveitar o tempo, com dicas de como se tornar mais pragmático no dever de ser mais feliz. Não quero dizer que dessa maneira o espetáculo ficasse melhor. É que meu astral hoje estava mais para saber como fazer do que como não fazer.

Ainda tenho o que pensar sobre o tema. E você? Vezes você, quando dá?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Retorno de Saturno

Entendo de astrologia o suficiente para saber que sou libriana, que o símbolo do meu signo é uma balança, e que talvez por isso eu seja realmente uma pessoa equilibrada, de fácil convivência, mas também um pouco indecisa, meio lá meio cá... Na adolescência, costumava ler as previsões do zodíaco pra minha semana. Dependendo da fase hormonal e afetiva, até achava que aquilo tinha sido escrito especialmente pra mim. Hoje, dificilmente – a menos que já tenha folheado toda a revista ou jornal na antessala de um consultório médico e ainda esteja longe da minha vez – invisto (melhor do que dizer”perco”) meu tempo nesse tipo de leitura.

Às vésperas dos 30 – 28 ou 29 anos –...
...Eis que um incrível fenômeno astrológico põe à prova todo o meu ceticismo e ingratidão com as precisas previsões do passado.

Nunca tinha tido problema com a chegada dos trinta. Aos 28, fui à dermatologista e pedi que ela me passasse o que fosse necessário pra aumentar minhas chances de chegar à maturidade dignamente (em termos estéticos, é claro). Falei do rosto, do pescoço, das rugas dos olhos, da pele do corpo. Tudo. Comecei minha incursão ao mundo dos cosméticos. Normal...

Aos 29, quis ter um corpo mais legal e acreditava que começar a malhar antes dos trinta era melhor do que não começar a malhar. Foi um ano incrível. Em oito meses de musculação, três a quatro vezes por semana (1h30 por dia), troquei três quilos de gordura por três quilos de massa muscular! Massa!!! Muuuito bom!

Mas alguma coisa estava descompassada. Um tal de querer refletir demais, pensar demais, relembrar coisas demais... Umas nostalgias inconvenientes. Vontade de recuperar coisas, de criar outras, de escrever um livro, de viajar o mundo, de rever valores, conceitos, certezas e dúvidas. Desejo de me reinventar. Vontade de preferir outras cores, de pensar coisas secretas. “Hummm... Isso está estranho...”, pensei. Pôxa, era apenas mais um ano. E estava tudo bem. Eu não precisava revisitar todas as minhas convicções, revisar todos os meus escritos, criticar todas as minhas falhas, corrigir todos os meus erros. Ser uma pessoa melhor, mais ativa, mais livre, mais conectada, mais gostosa, mais autêntica – tudo isso amanhã.

Mas precisava. Sensação estranha. E intensa.

Buscando freneticamente na internet sobre esses sintomas pré-balzaquianos (o clássico de Honoré de Balzaq dedicado às jovens senhoras – agora como eu – tem que ser um post a parte), li uma declaração da Carolina Dieckman onde ela falava sobre um renascimento, um recomeço na fase dos trinta. Ela falou sobre o Retorno de Saturno.

Continuei fuçando na internet. Queria descobrir um livro que falasse sobre isso. Uma dessas escritoras americanas, embasbacada com o poder da experiência pessoal, poderia ter resolvido viajar o mundo em busca de fatores místicos, antropológicos, históricos e culturais sobre o tal Retorno de Saturno. Em vão. Ninguém. Só umas coisinhas avulsas, que repetiam mais ou menos a mesma coisa. Vou resumir, nas minhas palavras.

A fase recebe o nome de Retorno de Saturno porque, teoricamente (resquícios do ceticismo), o ciclo do planeta Saturno no sistema solar (não sei bem se em torno do sol, ou em relação a todo o sistema solar), leva algo em torno de trinta anos (entre 28 e 31 anos, eu acho). Então, no dia e hora em que cada um de nós nascemos, Saturno (assim como todos os planetas) está numa determinada posição. Posição essa que vai se repetir em torno de 30 anos, quando o planeta Saturno voltará a estar na mesma posição que assumiu no momento de seu nascimento. Acontece que o poder de Saturno sobre nossas vidas seria tal que o fato de ele remontar o cenário astrológico do momento do nosso nascimento nos influenciaria de forma a termos uma vontade incrível de “renascer”, revendo nossos erros e acertos, somando nossos desejos, acrescentando nossos aprendizados e querendo com todas as forças transformar as nossas vidas, de maneira a modificarmos muitas coisas e começarmos esse novo ciclo da maneira mais adequada à nossa felicidade. E, ainda na teoria, o Universo conspiraria para isso.

Portanto, isso acontecerá mais ou menos a cada 30 anos em nossas vidas. Mas essa primeira experiência é sempre muito marcante, porque normalmente coincidirá com uma fase de conquistas, busca por realização profissional, pessoal, amorosa, familiar.

Para mim, o Retorno de Saturno possibilitou muitas releituras. Busco não esquecer das coisas que me propus naquela fase fértil de inspiração e desejos. Isso porque Saturno segue seu caminho, e nós temos que seguir os nossos. E, também nesse caso, o tempo não pàra para esperar que tornemos possíveis todas as mudanças almejadas. Então, temos que manter acesa a chama, para buscar essa re-formatação pessoal profunda ao longo do tempo e das oportunidades (porque, vamos combinar, nem tudo é só vontade).

Ah, continuo não lendo as previsões do zodíaco, mas ter vivido a experiência transformadora do Retorno de Saturno me recolocou em respeitosa posição em relação à astrologia e ao poder do Universo. Talvez um dia eu viva aquela empreitada editorial em busca da verdade sobre esse fenômeno balzaquianom, saturniano, humano... Quem sabe.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Este ano, ela quer fazer diferente

Há alguns anos, na véspera da noite de Ano Novo, ela faz uma lista das coisas que quer realizar nos próximos 12 meses. Há anos, entre esses planos, está o de estudar inglês, ler mais, cuidar melhor de si e fazer coisas realmente legais. Mas, chegando ao final de 2010, acordou melancólica. Talvez tenha achado que não era justo consigo repetir os mesmos planos (que se estão na lista mais uma vez, é porque não foram realizados ou, pelo menos, não a contento), e experimentar uma sensação de desapontamento.

Ok, 2010 não foi perfeitamente executado, segundo seus planos. Mas foi plenamente vivido. Foi um ano de muitas coisas incrivelmente boas, incrivelmente impactantes, incrivelmente chocantes. Incrível. Verdadeiro. Autentico. Surpreendente. Zero inglês, pouca malhação, insuficientes momentos só pra ela. Mas foi um ano que a mudou, que mexeu com ela.

Então, neste momento, ela quis falar do que aconteceu. Do que não estava no script. Da vida como ela foi, como ela é. Sem roteiros, ou quase nenhum, mas com muitos cenários, cheio de fotografia, rico em trilhas sonoras, intenso em cheiros, risos e lágrimas. Se tivesse poder de adivinhar, teria construído sua lista de desejos assim:

1. Trabalho
Retomaria o trabalho, de volta ao batente. Adeus, dias preenchidos em afazeres domésticos, contas a pagar (da casa), maternidade em tempo integral.

2. Viagem
Pois é, passou o tempo planejando e executando (de última hora, será que poderia entrar com data retroativa na lista do final do ano anterior?) sua primeira viagem internacional. Su Buenos Aires querido...

2. Sexo...
Sem palavras. Ou melhor, duas palavras: que delícia!

3. Valorizar a vida
De volta à casa, começou a trabalhar. Foi mais ou menos nessa época que soube da morte de um personagem querido da sua vida. Lembra dele de vez em quando, vem à sua cabeça seu sorriso, a intensidade e até mesmo descaso como ele vivia a vida. De repente, era como se fizesse algum sentido a forma descomprometida como ele aproveitava tudo, sem se preocupar muito com o futuro... Mas sabia ser feliz. Doeu muito. A fez pensar em tantas coisas, na importância de viver o dia presente, de valorizar o amor, a alegria, a convivência. De dizermos que amamos, além de amarmos. Nunca esqueceria a mensagem do sorriso feliz de seus olhos apertados. Que Deus o tenha, pensava. Ela nunca soube lidar com perdas. Felizmente, não havia tido muitas experiências assim, nem queria tê-las.

4. Um amor breve e intenso
O ano seguia estável, quando seu corpo começou a dar sinais de alerta: hormônios completamente desregulados. Teve que dar um tempo no anticoncepcional. Foi um grande momento, quando o prazer estava ao alcance ao primeiro chamado. Espetáculo. Sem que houvesse planejado, liberado ou mesmo desconfiando da possibilidade, descobriu que estava grávida. Viveu esse amor consciente por 13 dias. Perdeu o bebê. Minúsculo em tamanho, tão grande em suas vidas, dela e de sua família. Deixou um buraco enorme. Experimentou uma dor abafada, sem culpados, sem saída. Esteve em luto até entender que tinha vivido uma história de amor, com um ser divino, que quis estar com eles e trazê-los algo de bom: a convicção de que poderíam crescer.

5. Planos para o velho mundo
Focou no trabalho, dedicou-se à família. Ganhou o reconhecimento dos meus colegas de trabalho, deu alguns passos importantes. E quando parecia que o ano correria na inércia, até as portas de 2011, acessaram o passaporte para a realização de outro sonho. A viagem à Europa agora tinha data marcada – um ponto certo, caso ela tivesse uma lista de planos.

6. Rotina e realização
E como a vida não é feita só de grandes acontecimentos, no meio disso tudo teve os trimestres difíceis no doutorado do marido, a primeira apresentação de balé da filha, comprou um passarinho, viajou. Leu um livro de 700 páginas, entre poucos outros. Viu sua sereia ir ao encontro dos sonhados mergulhos e às primeiras aulas de natação, com o pai.

7. Superação
Ela não fala mais “agoLa”, e o cebolinha se despediu com a palavra “queRo”. Sua grande amiga conseguiu engravidar, e ela é a madrinha. Teve tristezas e alegrias, desentendimentos e perdões. Forteleceu certezas, acrescentou desejos, somou.

8. Mergulhar na vida
E, como teve a sorte de despertar pro imenso barato de TUDO isso no antepenúltimo dia de 2010, começou a fazer abdominais e alongamento e também a ler outro livro, ainda no ANO PASSADO. AQUELE GRANDE ANO.

MORAL DA HISTÓRIA:
Planejar é legal, mas viver é melhor ainda. O bom é que uma coisa não exclui a outra. Acontece que a vida sobressai. Por isso, se ainda não o fizemos, vamos bater na porta de 2011 e vivê-lo. Fazer e dar o melhor de nós.