sábado, 22 de janeiro de 2011

Este ano, ela quer fazer diferente

Há alguns anos, na véspera da noite de Ano Novo, ela faz uma lista das coisas que quer realizar nos próximos 12 meses. Há anos, entre esses planos, está o de estudar inglês, ler mais, cuidar melhor de si e fazer coisas realmente legais. Mas, chegando ao final de 2010, acordou melancólica. Talvez tenha achado que não era justo consigo repetir os mesmos planos (que se estão na lista mais uma vez, é porque não foram realizados ou, pelo menos, não a contento), e experimentar uma sensação de desapontamento.

Ok, 2010 não foi perfeitamente executado, segundo seus planos. Mas foi plenamente vivido. Foi um ano de muitas coisas incrivelmente boas, incrivelmente impactantes, incrivelmente chocantes. Incrível. Verdadeiro. Autentico. Surpreendente. Zero inglês, pouca malhação, insuficientes momentos só pra ela. Mas foi um ano que a mudou, que mexeu com ela.

Então, neste momento, ela quis falar do que aconteceu. Do que não estava no script. Da vida como ela foi, como ela é. Sem roteiros, ou quase nenhum, mas com muitos cenários, cheio de fotografia, rico em trilhas sonoras, intenso em cheiros, risos e lágrimas. Se tivesse poder de adivinhar, teria construído sua lista de desejos assim:

1. Trabalho
Retomaria o trabalho, de volta ao batente. Adeus, dias preenchidos em afazeres domésticos, contas a pagar (da casa), maternidade em tempo integral.

2. Viagem
Pois é, passou o tempo planejando e executando (de última hora, será que poderia entrar com data retroativa na lista do final do ano anterior?) sua primeira viagem internacional. Su Buenos Aires querido...

2. Sexo...
Sem palavras. Ou melhor, duas palavras: que delícia!

3. Valorizar a vida
De volta à casa, começou a trabalhar. Foi mais ou menos nessa época que soube da morte de um personagem querido da sua vida. Lembra dele de vez em quando, vem à sua cabeça seu sorriso, a intensidade e até mesmo descaso como ele vivia a vida. De repente, era como se fizesse algum sentido a forma descomprometida como ele aproveitava tudo, sem se preocupar muito com o futuro... Mas sabia ser feliz. Doeu muito. A fez pensar em tantas coisas, na importância de viver o dia presente, de valorizar o amor, a alegria, a convivência. De dizermos que amamos, além de amarmos. Nunca esqueceria a mensagem do sorriso feliz de seus olhos apertados. Que Deus o tenha, pensava. Ela nunca soube lidar com perdas. Felizmente, não havia tido muitas experiências assim, nem queria tê-las.

4. Um amor breve e intenso
O ano seguia estável, quando seu corpo começou a dar sinais de alerta: hormônios completamente desregulados. Teve que dar um tempo no anticoncepcional. Foi um grande momento, quando o prazer estava ao alcance ao primeiro chamado. Espetáculo. Sem que houvesse planejado, liberado ou mesmo desconfiando da possibilidade, descobriu que estava grávida. Viveu esse amor consciente por 13 dias. Perdeu o bebê. Minúsculo em tamanho, tão grande em suas vidas, dela e de sua família. Deixou um buraco enorme. Experimentou uma dor abafada, sem culpados, sem saída. Esteve em luto até entender que tinha vivido uma história de amor, com um ser divino, que quis estar com eles e trazê-los algo de bom: a convicção de que poderíam crescer.

5. Planos para o velho mundo
Focou no trabalho, dedicou-se à família. Ganhou o reconhecimento dos meus colegas de trabalho, deu alguns passos importantes. E quando parecia que o ano correria na inércia, até as portas de 2011, acessaram o passaporte para a realização de outro sonho. A viagem à Europa agora tinha data marcada – um ponto certo, caso ela tivesse uma lista de planos.

6. Rotina e realização
E como a vida não é feita só de grandes acontecimentos, no meio disso tudo teve os trimestres difíceis no doutorado do marido, a primeira apresentação de balé da filha, comprou um passarinho, viajou. Leu um livro de 700 páginas, entre poucos outros. Viu sua sereia ir ao encontro dos sonhados mergulhos e às primeiras aulas de natação, com o pai.

7. Superação
Ela não fala mais “agoLa”, e o cebolinha se despediu com a palavra “queRo”. Sua grande amiga conseguiu engravidar, e ela é a madrinha. Teve tristezas e alegrias, desentendimentos e perdões. Forteleceu certezas, acrescentou desejos, somou.

8. Mergulhar na vida
E, como teve a sorte de despertar pro imenso barato de TUDO isso no antepenúltimo dia de 2010, começou a fazer abdominais e alongamento e também a ler outro livro, ainda no ANO PASSADO. AQUELE GRANDE ANO.

MORAL DA HISTÓRIA:
Planejar é legal, mas viver é melhor ainda. O bom é que uma coisa não exclui a outra. Acontece que a vida sobressai. Por isso, se ainda não o fizemos, vamos bater na porta de 2011 e vivê-lo. Fazer e dar o melhor de nós.

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